quinta-feira, 12 de novembro de 2009


Olá, quero te convidar para assistir ao espetáculo "Todos em Um(A)".Somente este final de semana em S. Paulo hein!14 e 15/11/09 às 20hSESI A.E Carvalho - Rua Deodato Saraiva da Silva, 110. Próximo ao Metrô Arthur Alvim.Entrada Gratuita!

domingo, 1 de novembro de 2009

MAFALDA


POSITRONICOS


sábado, 17 de outubro de 2009

TRISTE TRANSCRIÇAO DE MIM MESMO


NÃO CONSIGO ENTENDER NOSSA NECESSIDADE DE REFLETR-SE EM ALGUMA COISA. TALVEZ SEJA EFEITO DA SOLIDÃO QUE ASSOLA NOS TEMPOS MODERNOS. E ASSIM A GENTE SE REFLETE NAS COISAS, NOS BLOGS, NAS ARTES PRA SE SENTIR MAIS CERCADO NOS MESMOS E MAIS VISTOS (ALIAS , LOGO QUERO FAZER UMA REFLEXÃO SOBRE VISIBILIDADE). ENFIM, ESSE POEMA DE BILAC ME REFLETIU COMO NUNCA AGORA.


Observe o titulo, do italiano "meio do caminho", pode ser entendido como o encontro de dois que vem de dois extremos; ou pode ler-se algo entre os dois que pretendem se encontrar. A leitura vai trazer varios outros elementos em pares (palavras, rimas, ambiguidades, etc) As estruturas das frases estao invertidas (..triste e fatigado, eu vinha..) como se fosse as dua pessoa se encarando e se espelhando uma na outra. Conta como vinham sofridos e cansados até se encontrarem e como o encontro os reviveu mesmo certos da despedida próxima..


Nel Mezzo del Camino...

Olavo Bilac

Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada

E triste, e triste e fatigado eu vinha.

Tinhas a alma de sonhos povoada,

E a alma de sonhos povoada eu tinha...
E paramos de súbito na estrada

Da vida: longos anos, presa à minha

A tua mão, a vista deslumbrada

Tive da luz que teu olhar continha.
Hoje, segues de novo... Na partida

Nem o pranto os teus olhos umedece,

Nem te comove a dor da despedida.
E eu, solitário, volto a face, e tremo,

Vendo o teu vulto que desaparece

Na extrema curva do caminho extremo."

sábado, 10 de outubro de 2009

ismaelsantosneo@hotmail.com

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Vai a dica...


MAIS UMA OBRA DE MUITA QUALIDADE E POUCO VALOR...SE VOCE QUER BOAS COMÉDIAS, ATORES EXCELENTES, TEXTOS INTERESSANTES E PREÇO JUSTO ..




O PAPA E A BRUXA


O Papa está no Vaticano com um enorme problema de coluna, que o faz caminhar todo torto e com pânico de receber milhares de crianças terceiro-mundistas na Praça São Pedro. Cardeais de sua assessoria o pressionam para que atenda jornalistas que o aguardam para uma coletiva de imprensa. Diante de um ritmo acelerado de fatos e decisões recebe seu médico que o auxiliará cientificamente na sua dor e em sua confusão mental. Porém o médico não dá conta da tarefa, mas uma Freira que o acompanha mostra-se poderosa em soluções. O Papa percebe que a Freira tem poderes muito mais que científicos. Depois de uma série de peripécias, o Papa constata que a Freira viveu na África e se tornou uma Curandeira. Assustado, ele expulsa a Freira, do Vaticano. Pouco tempo depois, a crise de dor aumenta de maneira incontrolável e o Papa, à paisana, resolve procurar a Freira/Bruxa para resolver seu problema e a partir daí se questiona sobre as ações do Vaticano e da Igreja Católica.Texto: Dario FoTradução: Luca BaldovinoAdaptação e Direção: Hugo PossoloElenco: Hugo Possolo, Carmo Murano, Raul Barretto, Henrique Stroeter, Fabek Capreri, Alexandre Bamba, Fernanda Cunha, Hélio Pottes, Guilherme Tomé, Ronaldo Cahin.
De 07/08 à 01/11Sextas às 21h Sábados às 19h e 22hDomingo às 20hIngressos: Sextas - R$ 15,00 (inteira) R$ 7,50 (meia)Sábados e Domingos – R$ 20,00 (inteira) R$ 10,00 (meia)


NA CHUVA


É ..HOJE TOMEI CHUVA DENOVO..DENOVO A MESMA CENA DE MUITAS OUTRAS VEZES ..ANDANDO RAPIDO , A AGUA ESCORRENDO NO ROSTO …O FRIO .. O INCOMODO..O OLHAR PIEDOSO DAS PESSOAS PROTEGIDAS EM SEU ROSTO QUENTE. A GENTE BUSCA A PROTEÇÃO, O ABRIGO , A PREVISÃO..IMAGINA NUNCA MAIS PASSAR POR TAIS..E VEM DENOVO A CHUVA SEM AVISO ..SEM PRESSÁGIO..
É ASSIM QUE ME SINTO EM CORPO E ESPIRITO.
AS VEZES PRA QUEM OLHA ACHA QUE É SÓ AGUA..É SÓ AGUA PRA QUEM VE.
VENHA VER DAQUI ..
A CHUVA VEIO DE REPENTE E LEVOU MINHA ALEGRIA DO DIA DE SOL.
TAMBÉM VEIO PRA LEVAR AS PAGINAS QUE ESCREVI DA MINHA HISTÓRIA.
TUDO BEM ...EU POSSO REESCREVER...MELHOR




The voices im my head.. _______mael


Ei voce.. que finge que nao me escuta.
Eu bem finjo não te ver.
Anda rápido na chuva forte porque a água é fria o vento é forte..
Chora agora que ninguém vai ver..
Mal maior não é chorar sozinho .. é chorar calado.
Ninguém quer ouvir, de fato.
Eu sei que você queria a toalha que te enxugasse o rosto a coberta que te aqueça os pés.
Não haverá..
Ninguém trará..
No frio da chuva você derrama a lagrima quente te aquece o canto dos olhos..
...assim sem ninguém ver.
Ninguém mais sabe quantos passos...quanto frio ..quanta chuva você passou.
Ninguém mais quer saber.
Quando chegar vai ficar no mesmo canto escuro, esperando a fresta de luz que não virá.
Mas não vá pedir.
Ninguém te verá no escuro...no frio você tornou-se menor ..e na ausência ficou esquecido.
Não há quem passe e te veja...você nunca foi tão exposto.
Chora a chuva que escorre em você.
E ninguém vai ver...
....siga o vento que te esfria
Ninguém vai ver..
...renasça das lagrimas que te regam
Ninguém saberá..
...vá.
CHUVA EM CÉU CINZENTO - FERNANDO PESSOA
Cai chuva do céu cinzento
Que não tem razão de ser.
Até o meu pensamento
Tem chuva nele a escorrer.
Tenho uma grande tristeza
Acrescentada à que sinto.
Quero dizer-ma mas pesa
O quanto comigo minto.
Porque verdadeiramente
Não sei se estou triste ou não.
E a chuva cai levemente(Porque Verlaine consente)
Dentro do meu coração.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

OS DETALHES




Os detalhes..

Não veja todo
Some as partes
O todo sem a parte não é todo
É parte
E a parte sem o todo não é parte
É todo
São detalhes que se alteram..

Não veja tudo
Vi os poucos mais os muitos
E vi um novo todo
Vi todos os poucos
E vi muito
São detalhes que se somam

Uma canção
Me lembra mais do gosto
Um sorriso
Lembra mais que o motivo
Um cheiro
Lembra um corpo
Corpo
Que me lembra o inteiro
A flor
O vento
A cor
A frase
O riso
Não é do todo que se lembra..
..são as partes.



POR ONDE ANDEI?



Por Deus..onde andei?
Sei lá..tanta coisa me acontece ..minha vida é um pouco assim sabe..tempos de olhar a imensidão do mar que vai e vem devagar e de repente vem a tempestade forte e fria que arrasta tudo e tudo fica fora de lugar..
Nos últimos tempos tive a chance de ver o mundo de forma diferente..experimentar novos pontos de vista e fazer descobertas interessantes...
estou mais quieto de fato ..
conseqüência do ouvir com mais calma..
tenho menos vontade de expor minha opinião..
visto o mal as vezes faço..
uma vontade de fazer tudo diferente..
e uma convicção extrema de preservar o que tenho..
mais visual..
menos conceitual...
dividir agora
é melhor que doar
vejo me menos
enxergo me mais
a gente tem essa mania absurda de querer achar as mudanças..
eu prefiro, agora, adapta-las..
ainda tenho aquela estranha sensação de achar que as coisas sempre acontecem comigo..
“o tipo de coisa que acontece com o mael..”
Nem procuro analisar se de fato eu causei isso..
Tem problema não, com um pouco de calma tudo se ajeita..
Não consigo mais me desligar das coisas que ouço..
“... fica calmo, tudo vai dar certo.”
Ouço tanto isso e me sinto tão bem..
São essas as marcas que as pessoas deixam..
Os detalhes que as pintam na lembrança e fazem toda a diferença.

OS DETALHES FAZEM TODA A DIFERENÇA.

quarta-feira, 18 de março de 2009

poesia e propaganda


Há tempos que o mundo da propaganda deixou de ser técnico e se tornou uma vertice da arte. Visual, som e retórica trabalham em harmonia pra impressionar..se as vezes a intençao nao é excepicional....a concepçao pode muito mais nobre...

Arnaldo Antunes tem sido a voz que tem invadido nossas casas com poesias belissimas envoltas em belas imagens, que a todos seduzem ao ponto de eu nem notar de que era a propaganda.



Rotina (Arnaldo Antunes)
“A idéia é a rotina do papel..

O céu é a rotina do edifício..

O início é a rotina do final..

A escolha é a rotina do gosto..

A rotina do espelho é o oposto..

A rotina do perfume é a lembrança..

O pé é a rotina da dança..

A rotina da garganta é o rock..

A rotina da mão é o toque..

Julieta é a rotina do queijo..

A rotina da boca é o desejo..

Vento é a rotina do assobio..

A rotina da pele é o arrepio..

A rotina do caminho é a direção..

A rotina do destino é a certeza..

Toda rotina tem sua beleza..”

O que faz você feliz?
Arnaldo Antunes

“O que faz você feliz?

A lua, a praia, o mar.

Uma rua, passear.

Um doce, uma dança.

Um beijo ou goiabada com queijo?

Afinal, o que faz você feliz?

Chocolate, paixão

Dormir cedo, acordar tarde

Arroz com feijão, matar a saudade

O aumento, a casa, o carro que você sempre quis

Ou são os sonhos que te fazem feliz.

Dormir na rede, matar a sede

Ler ou viver um romance

O que faz você feliz?

Um lápis, uma letra, uma conversa boa

Um cafuné, café com leite, rir a toa

Um pássaro, um parque, um chafariz

Ou será o choro que te faz feliz?

A pausa para pensar

Sentir o vento

Esquecer o tempo

O céu

O sol

Um som

A pessoa

Um lugar.

Agora me diz o que faz você feliz?!

domingo, 15 de março de 2009

Quanto de mim?



Sei o quanto de mim posso por em vida, pra que a vida me pareça verdadeira.


Sei o quanto de mim eu ponho do momento em um instante pra que o instante seja duradouro.


Sei o quanto de mim eu tenho de força pra lutar contra os egos que sao maiores que as verdades.


Mas nao o sei o quanto duro por estar sempre no oposto, em contra-mao. Por que o certo sempre parece menos logico.


Há de haver a hora de um sorriso valer mais que um motivo.


Há de haver um tempo de que nao vistassemos o todo e mais os detalhes.


"talvez um dia vc consiga ser menos rei e um pouco mais real"...


Tudo agora me lembra Shakeaspeare



HAMLET: Ser ou não ser... Eis a questão. Que é mais nobre para a alma: suportar os dardos e
arremessos do fado sempre adverso, ou armar-se contra um mar de desventuras e dar-lhes fim tentando resistir-lhes? Morrer... dormir... mais nada... Imaginar que um sono põe remate aos sofrimentos do coração e aos golpes infinitos que constituem a natural herança da carne, é solução para almejar-se.


Morrer.., dormir... dormir... Talvez sonhar... É aí que bate o ponto. O não sabermos que sonhos poderá trazer o sono da morte, quando alfim desenrolarmos toda a meada mortal, nos põe suspensos. É essa idéia que torna verdadeira calamidade a vida assim tão longa! Pois quem suportaria o escárnio e os golpes do mundo, as injustiças dos mais fortes, os maus-tratos dos tolos, a agonia do amor não retribuído, as leis amorosas, a implicância dos chefes e o desprezo da inépcia contra o mérito paciente, se estivesse em suas mãos obter sossego com um punhal? Que fardos levaria nesta vida cansada, a suar, gemendo, se não por temer algo após a morte - terra desconhecida de cujo âmbito jamais ninguém voltou - que nos inibe a vontade, fazendo que aceitemos os males conhecidos, sem buscarmos refúgio noutros males ignorados?
De todos faz covardes a consciência. Desta arte o natural frescor de nossa resolução definha sob a
máscara do pensamento, e empresas momentosas se desviam da meta diante dessas reflexões, e até o nome de ação perdem. Mas, silêncio! Aí vem vindo a bela Ofélia. Em tuas orações, ninfa, recorda-te de meus pecados.






Um toque de sutileza


Enfim...um toque sutil nos dias frios que assolam essa geraçao.

O mundo que anda tao insensivel, tao drastico ganhou um pouco de ternura.

Foi essa minha impressao ao assistir "Quem quer ser um milionario".

Belissimo filme indiano que traz a perfeiçao em todos os detalhes.

A industria de cinema americano chora de inveja.

Os espectadores choram de emoçao.

Aos mais pessimistas a oportunidade de torcer pela esperança. Aos mais sensiveis a redescoberta do amor unido ao destino. Aos mais criticos um heroi que na fraqueza contruiu sua força. Aos mais visuais a arte fala por si...


Enfim o oscar com justiça...




sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

O superficialismo no ar










Me incomoda a superficialidade das coisas...quando foi que o mundo ficou tão superficial?
Andei pensando sobre o novo mundo , sobre as inversões de valores, sobre as novas expectativas e principalmente..o que eu to fazendo aqui?


Assistia ontem um desses programas de TV do tipo Reality Show..é um programa sobre troca de mães em famílias bem diferentes. É o único que acho suportável , não consigo ter paciência de ver os bbb’s vestindo pele de cordeiro e expondo o corpo. Pois bem , voltando ao assunto, haviam de fato duas famílias totalmente impares. Em uma dessas, vou chama-la “família light”, o que contava era a super valorização do corpo disfarçada de vida saudável. Pai e mãe eram professores de educação física e pregavam a vida saudável, mas o que eu via era uma família que abdicava de diversão e contato social, mas de forma alguma do cuidado com a forma física. Os filhos é que pagavam a conta, super controlados, tinham a dieta controlada, horários controladas, diversão controlada e muitas regras , regras demais. Em uma determinada hora a mãe deixou escapulir: - Tenho muito medo de ver meus filhos obesos. Bingo!
Não que a família deva deixar os filhos a própria sorte. Deve –se de fato corrigi-los, educa-los e controlar sua alimentação, pois obesidade não é saúde. Mas isso são cuidados que estão condicionados ao amor aos filhos. Mas o que eu via de fato era a exposição da família perfeita; um pai, uma mãe e dois filhos desfilando sua vida ideal, saudável e completamente correta. Mas o que eu não via era amigos, sorrisos, todo mundo muito gelado. Muito discurso pouco riso. Essa mãe não queria ser mãe, queria ser vitrine.
Agora comparemos as segunda família, à que chamei “família hard”, essa de fato é a família que ninguém quer. Eram cinco pessoas numa casa, cinco pessoas fumando e bebendo quase o programa todo. Incrivel como a direção do programa se preocupou em expor exageradamente os maus hábitos da família. Em quase todas as cenas familiares os integrantes estavam jogados no sofá fumando e conversando. Opa conversando...isso foi um diferencial pra mim, pois a família light aparecia apenas comendo ou malhando mas quase nunca conversando. Além disso a família hard tinha particularidades muito positivas que ficaram completamente esquecidas, eram unidos , eram muito queridos ( a casa estava sempre muito cheia de amigos), a família hard era muito despreocupada, não se via níveis de estresse aparentes e principalmente eram todos fãs de Elvis, isso faz muita diferença. De fato não eram muito preocupados com a saúde, mas eram muito livres, respeitavam as diferenças , mas viviam do seu jeito. No fim cheguei a seguinte conclusão a família light é um saco..se eu morasse La por uma semana me jogava da janela do belíssimo apartamento em que moravam. Mas eram muito saudáveis, malhados, tinham um belo carro, uma bela casa e uma vida muito correta; Quem ousaria critica-los?
Eu ousei adorei a família hard, por dois fatores. Primeiro, eles não estavam preocupados em mostrar conceitos ou valores, pois não estão de fato preocupados com tais bobeiras. E segundo porque a mãe da família light, riu , bebeu, dançou, divertiu-se e no fim acusou –os de viver uma vida vazia.




















Pois é ...os valores estão todos invertidos....Bem vindo ao superficialismo.







domingo, 18 de janeiro de 2009

Bem verdade


Pouco importa a verdade, se a verdade nao me faz feliz. É possivel ver o mesmo quadro e ter uma interpretaçao da imagem a cada milesimo de segundo. As coisas sao o q pensamos ser, e pronto...


Bem Verdade


Quem te olha assim de longe sente medo do que ve; se depara na muralha encrustrada de mistério. É nada mais que isso pra quem vê. Porém, tem franqueza por isso cria força, tem medo por isso se encoraja, tem desejos, por isso se pergunta.

Tem doçura por isso nos encanta.

Se escora quando cansa, entao tem colo pra deitar. Outras vezes nos levanta, nos acalanta.

Se me sorri assim, eu me pergunto. Entao é assim??

Bem verdade....como é verdade que a simplicidade é que mais se assemelha à perfeiçao.

Ai de mim, sob esses belos olhos e contemplaçao. Tem nos lábios ainda o gosto de decepçao, como se tomosse fanta diet cada dia de manhã.

É mais intensa no silencio.

Mais sutil no falar.

Mais sublime que suspensa.

Ao dançar quase plana, tamanha sua leveza, como mariposa quando pousa.

Sua sensualidade faz sumir o ar.

Bem verdade, quem diria.

É mais bela a cada dia.

Balacobaco


Uma das melhores experiencias da vida é a faculdade.

Nao bastasse as descobertas, as amizades, as experiencias; a gente sempre tem a oportunidade de redesenhar nossos limites. Esse texto foi uma experiencia bacana com resultado muito satisfatorio...captar a essencia da narrativa e redescobrir formas de reles...entender o personagem e remonta-lo....



Balacobaco
Rita Lee

Acordo às 5 da matina
Reclamando da rotina
Dou um trato na faxina
Vida dura de heroína
Minha cara de caveira
Vai abrir a geladeira
Esqueci de fazer feira
Vou fuçar lá na lixeira
Uma espinha pro gatinho
Pro cachorro um ossinho
Requentar o cafezinho
E sair apressadinho
Todo dia atrasada
Já estou acostumada
Condução sempre lotada
Vida dura de empregada
Refrão:
Pára o mundoque eu quero descer
Tem muito vagabundoatrás do meu jabaculê
A vida é uma sinuca
Mais confio no meu taco
Meu borogodó
é do Balacobaco
Do Balacobaco
Minha patroa é estranha
Passa o dia só na cama
O marido bebe grana
A mais velha é piranha
A do meio é patricinha
O mais novo é mocinha
Meu lugar é na cozinha
Vida dura de fuinha
Motorista xavecando
Jardineiro azarando
Porteiro se assanhando
Ê, vou logo avisando
Meu amor é pra quem pode
Quem não pode se sacode
Pode amarrar seu bode
Com a minha cabra ninguém fode
Repete refrão
Sirvo a janta e vou embora
Já passou da minha hora
Abusando é que demora
Vem a chuva e piora
Caminhando na calçada
Medo de ser assaltada
Medo de ser seqüestrada
Medo de ser estuprada
Sou escrava independente
Ganho menos que indigente
Não posso ficar doente
Amanhã tô no batente
Vou rezar para Jesus aliviar a minha cruz
Meu buraco não tem luz
Vida dura de avestruz
Repete refrão

Ana Claudia

Acorda , Ana, o dia nem raiou. Mas raiava ela, despejando suas queixas rotineiras. Enquanto recolhia seus escombros pela casa, para ficar mais ajeitada sua vida de heroina em romances atuais ou livros de auto-ajuda. Aforava em sua face um olhar enfraquecido. Só agora se lembrou que sente fome, pois de tudo que fazia nada era para si. E nisso, lá se foi à feira da qual lembrou-se só ao abrir a geladeira. Entao, restava ao gatinho e cachorrinho umas sobras que teriam que bastar, e para ela o café da noite anterior, requentado, porém sagrado.
E vai-se a hora fugindo tao depressa. E vai-se ela, correndo , como sempre. Atrasada, como sempre. No transporte aglomerada, entre tantas, empregadas.
Sua patroa, um tanto anormal, passa o dia em sua cama. Também pudera. O marido é da esbornia. A filha primeira, desfrutada. A segunda, extravagante, a se enfeitar. E o Terceiro um tanto como as outras, nos hábitos e nos gostos. Ana só olhava da cozinha. Nem pensava, nem falava. Preocupava-se mais em despistar os subalternos que esgueiravam abarra de sua saia. Mas os punha logo em seu lugar, pois nao cria mais em homens. Muda o nome, fica o resto.
Servido o jantar, lá vai Ana, apressada, como sempre. Agora é a chuva que vem forte. Soma à isso os perigos que beiram cada canto da cidade. É entao que pensa como a vida é escrava. O que ganha nesse fardo nao lhe dá direitodo proveito, nem sequer de adoentar. E Ana, se há luz no fim do tunel , de certo é o trem. Fora disso, sobra nada, Amén.