domingo, 18 de janeiro de 2009

Balacobaco


Uma das melhores experiencias da vida é a faculdade.

Nao bastasse as descobertas, as amizades, as experiencias; a gente sempre tem a oportunidade de redesenhar nossos limites. Esse texto foi uma experiencia bacana com resultado muito satisfatorio...captar a essencia da narrativa e redescobrir formas de reles...entender o personagem e remonta-lo....



Balacobaco
Rita Lee

Acordo às 5 da matina
Reclamando da rotina
Dou um trato na faxina
Vida dura de heroína
Minha cara de caveira
Vai abrir a geladeira
Esqueci de fazer feira
Vou fuçar lá na lixeira
Uma espinha pro gatinho
Pro cachorro um ossinho
Requentar o cafezinho
E sair apressadinho
Todo dia atrasada
Já estou acostumada
Condução sempre lotada
Vida dura de empregada
Refrão:
Pára o mundoque eu quero descer
Tem muito vagabundoatrás do meu jabaculê
A vida é uma sinuca
Mais confio no meu taco
Meu borogodó
é do Balacobaco
Do Balacobaco
Minha patroa é estranha
Passa o dia só na cama
O marido bebe grana
A mais velha é piranha
A do meio é patricinha
O mais novo é mocinha
Meu lugar é na cozinha
Vida dura de fuinha
Motorista xavecando
Jardineiro azarando
Porteiro se assanhando
Ê, vou logo avisando
Meu amor é pra quem pode
Quem não pode se sacode
Pode amarrar seu bode
Com a minha cabra ninguém fode
Repete refrão
Sirvo a janta e vou embora
Já passou da minha hora
Abusando é que demora
Vem a chuva e piora
Caminhando na calçada
Medo de ser assaltada
Medo de ser seqüestrada
Medo de ser estuprada
Sou escrava independente
Ganho menos que indigente
Não posso ficar doente
Amanhã tô no batente
Vou rezar para Jesus aliviar a minha cruz
Meu buraco não tem luz
Vida dura de avestruz
Repete refrão

Ana Claudia

Acorda , Ana, o dia nem raiou. Mas raiava ela, despejando suas queixas rotineiras. Enquanto recolhia seus escombros pela casa, para ficar mais ajeitada sua vida de heroina em romances atuais ou livros de auto-ajuda. Aforava em sua face um olhar enfraquecido. Só agora se lembrou que sente fome, pois de tudo que fazia nada era para si. E nisso, lá se foi à feira da qual lembrou-se só ao abrir a geladeira. Entao, restava ao gatinho e cachorrinho umas sobras que teriam que bastar, e para ela o café da noite anterior, requentado, porém sagrado.
E vai-se a hora fugindo tao depressa. E vai-se ela, correndo , como sempre. Atrasada, como sempre. No transporte aglomerada, entre tantas, empregadas.
Sua patroa, um tanto anormal, passa o dia em sua cama. Também pudera. O marido é da esbornia. A filha primeira, desfrutada. A segunda, extravagante, a se enfeitar. E o Terceiro um tanto como as outras, nos hábitos e nos gostos. Ana só olhava da cozinha. Nem pensava, nem falava. Preocupava-se mais em despistar os subalternos que esgueiravam abarra de sua saia. Mas os punha logo em seu lugar, pois nao cria mais em homens. Muda o nome, fica o resto.
Servido o jantar, lá vai Ana, apressada, como sempre. Agora é a chuva que vem forte. Soma à isso os perigos que beiram cada canto da cidade. É entao que pensa como a vida é escrava. O que ganha nesse fardo nao lhe dá direitodo proveito, nem sequer de adoentar. E Ana, se há luz no fim do tunel , de certo é o trem. Fora disso, sobra nada, Amén.

Um comentário:

Escola Estadual FULVIO ABRAMO disse...

Achei muito legal a versão toda certinha com as palavras rimadinhas. Ficou chuchu!!! Quero ver se vai rolar alguma crônica sobre o inesquecível dia 25 kkkkkkkkkkkkkk. Bjs