sábado, 17 de outubro de 2009

TRISTE TRANSCRIÇAO DE MIM MESMO


NÃO CONSIGO ENTENDER NOSSA NECESSIDADE DE REFLETR-SE EM ALGUMA COISA. TALVEZ SEJA EFEITO DA SOLIDÃO QUE ASSOLA NOS TEMPOS MODERNOS. E ASSIM A GENTE SE REFLETE NAS COISAS, NOS BLOGS, NAS ARTES PRA SE SENTIR MAIS CERCADO NOS MESMOS E MAIS VISTOS (ALIAS , LOGO QUERO FAZER UMA REFLEXÃO SOBRE VISIBILIDADE). ENFIM, ESSE POEMA DE BILAC ME REFLETIU COMO NUNCA AGORA.


Observe o titulo, do italiano "meio do caminho", pode ser entendido como o encontro de dois que vem de dois extremos; ou pode ler-se algo entre os dois que pretendem se encontrar. A leitura vai trazer varios outros elementos em pares (palavras, rimas, ambiguidades, etc) As estruturas das frases estao invertidas (..triste e fatigado, eu vinha..) como se fosse as dua pessoa se encarando e se espelhando uma na outra. Conta como vinham sofridos e cansados até se encontrarem e como o encontro os reviveu mesmo certos da despedida próxima..


Nel Mezzo del Camino...

Olavo Bilac

Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada

E triste, e triste e fatigado eu vinha.

Tinhas a alma de sonhos povoada,

E a alma de sonhos povoada eu tinha...
E paramos de súbito na estrada

Da vida: longos anos, presa à minha

A tua mão, a vista deslumbrada

Tive da luz que teu olhar continha.
Hoje, segues de novo... Na partida

Nem o pranto os teus olhos umedece,

Nem te comove a dor da despedida.
E eu, solitário, volto a face, e tremo,

Vendo o teu vulto que desaparece

Na extrema curva do caminho extremo."

Um comentário:

Marcelino disse...

Olá, Mael!
Em relação ao comentário que antecede o poema Nel Mezzo del Camino, tenho a seguinte reflexão: nossa exposição nos blogs da vida, geralmente segue um impulso natural do homem: a vontade de se expressar, ser ouvido/lido/compreendido/questionado; a vontade de tocar no recôndito da alma de alguém e por isso, naquele momento, ganhar uma certa importância (que não é sinônimo de notoriedade) para o outro.
Em relação ao texto de Bilac, postei no meu blog um texto que tenta ler/espelhar-se no de Bilac: "O míope e a hipermétrope".