
NÃO CONSIGO ENTENDER NOSSA NECESSIDADE DE REFLETR-SE EM ALGUMA COISA. TALVEZ SEJA EFEITO DA SOLIDÃO QUE ASSOLA NOS TEMPOS MODERNOS. E ASSIM A GENTE SE REFLETE NAS COISAS, NOS BLOGS, NAS ARTES PRA SE SENTIR MAIS CERCADO NOS MESMOS E MAIS VISTOS (ALIAS , LOGO QUERO FAZER UMA REFLEXÃO SOBRE VISIBILIDADE). ENFIM, ESSE POEMA DE BILAC ME REFLETIU COMO NUNCA AGORA.
Observe o titulo, do italiano "meio do caminho", pode ser entendido como o encontro de dois que vem de dois extremos; ou pode ler-se algo entre os dois que pretendem se encontrar. A leitura vai trazer varios outros elementos em pares (palavras, rimas, ambiguidades, etc) As estruturas das frases estao invertidas (..triste e fatigado, eu vinha..) como se fosse as dua pessoa se encarando e se espelhando uma na outra. Conta como vinham sofridos e cansados até se encontrarem e como o encontro os reviveu mesmo certos da despedida próxima..
Nel Mezzo del Camino...
Olavo Bilac
Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E a alma de sonhos povoada eu tinha...
E paramos de súbito na estrada
E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.
Hoje, segues de novo... Na partida
Hoje, segues de novo... Na partida
Nem o pranto os teus olhos umedece,
Nem te comove a dor da despedida.
E eu, solitário, volto a face, e tremo,
E eu, solitário, volto a face, e tremo,
Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo."