sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

O superficialismo no ar










Me incomoda a superficialidade das coisas...quando foi que o mundo ficou tão superficial?
Andei pensando sobre o novo mundo , sobre as inversões de valores, sobre as novas expectativas e principalmente..o que eu to fazendo aqui?


Assistia ontem um desses programas de TV do tipo Reality Show..é um programa sobre troca de mães em famílias bem diferentes. É o único que acho suportável , não consigo ter paciência de ver os bbb’s vestindo pele de cordeiro e expondo o corpo. Pois bem , voltando ao assunto, haviam de fato duas famílias totalmente impares. Em uma dessas, vou chama-la “família light”, o que contava era a super valorização do corpo disfarçada de vida saudável. Pai e mãe eram professores de educação física e pregavam a vida saudável, mas o que eu via era uma família que abdicava de diversão e contato social, mas de forma alguma do cuidado com a forma física. Os filhos é que pagavam a conta, super controlados, tinham a dieta controlada, horários controladas, diversão controlada e muitas regras , regras demais. Em uma determinada hora a mãe deixou escapulir: - Tenho muito medo de ver meus filhos obesos. Bingo!
Não que a família deva deixar os filhos a própria sorte. Deve –se de fato corrigi-los, educa-los e controlar sua alimentação, pois obesidade não é saúde. Mas isso são cuidados que estão condicionados ao amor aos filhos. Mas o que eu via de fato era a exposição da família perfeita; um pai, uma mãe e dois filhos desfilando sua vida ideal, saudável e completamente correta. Mas o que eu não via era amigos, sorrisos, todo mundo muito gelado. Muito discurso pouco riso. Essa mãe não queria ser mãe, queria ser vitrine.
Agora comparemos as segunda família, à que chamei “família hard”, essa de fato é a família que ninguém quer. Eram cinco pessoas numa casa, cinco pessoas fumando e bebendo quase o programa todo. Incrivel como a direção do programa se preocupou em expor exageradamente os maus hábitos da família. Em quase todas as cenas familiares os integrantes estavam jogados no sofá fumando e conversando. Opa conversando...isso foi um diferencial pra mim, pois a família light aparecia apenas comendo ou malhando mas quase nunca conversando. Além disso a família hard tinha particularidades muito positivas que ficaram completamente esquecidas, eram unidos , eram muito queridos ( a casa estava sempre muito cheia de amigos), a família hard era muito despreocupada, não se via níveis de estresse aparentes e principalmente eram todos fãs de Elvis, isso faz muita diferença. De fato não eram muito preocupados com a saúde, mas eram muito livres, respeitavam as diferenças , mas viviam do seu jeito. No fim cheguei a seguinte conclusão a família light é um saco..se eu morasse La por uma semana me jogava da janela do belíssimo apartamento em que moravam. Mas eram muito saudáveis, malhados, tinham um belo carro, uma bela casa e uma vida muito correta; Quem ousaria critica-los?
Eu ousei adorei a família hard, por dois fatores. Primeiro, eles não estavam preocupados em mostrar conceitos ou valores, pois não estão de fato preocupados com tais bobeiras. E segundo porque a mãe da família light, riu , bebeu, dançou, divertiu-se e no fim acusou –os de viver uma vida vazia.




















Pois é ...os valores estão todos invertidos....Bem vindo ao superficialismo.







domingo, 18 de janeiro de 2009

Bem verdade


Pouco importa a verdade, se a verdade nao me faz feliz. É possivel ver o mesmo quadro e ter uma interpretaçao da imagem a cada milesimo de segundo. As coisas sao o q pensamos ser, e pronto...


Bem Verdade


Quem te olha assim de longe sente medo do que ve; se depara na muralha encrustrada de mistério. É nada mais que isso pra quem vê. Porém, tem franqueza por isso cria força, tem medo por isso se encoraja, tem desejos, por isso se pergunta.

Tem doçura por isso nos encanta.

Se escora quando cansa, entao tem colo pra deitar. Outras vezes nos levanta, nos acalanta.

Se me sorri assim, eu me pergunto. Entao é assim??

Bem verdade....como é verdade que a simplicidade é que mais se assemelha à perfeiçao.

Ai de mim, sob esses belos olhos e contemplaçao. Tem nos lábios ainda o gosto de decepçao, como se tomosse fanta diet cada dia de manhã.

É mais intensa no silencio.

Mais sutil no falar.

Mais sublime que suspensa.

Ao dançar quase plana, tamanha sua leveza, como mariposa quando pousa.

Sua sensualidade faz sumir o ar.

Bem verdade, quem diria.

É mais bela a cada dia.

Balacobaco


Uma das melhores experiencias da vida é a faculdade.

Nao bastasse as descobertas, as amizades, as experiencias; a gente sempre tem a oportunidade de redesenhar nossos limites. Esse texto foi uma experiencia bacana com resultado muito satisfatorio...captar a essencia da narrativa e redescobrir formas de reles...entender o personagem e remonta-lo....



Balacobaco
Rita Lee

Acordo às 5 da matina
Reclamando da rotina
Dou um trato na faxina
Vida dura de heroína
Minha cara de caveira
Vai abrir a geladeira
Esqueci de fazer feira
Vou fuçar lá na lixeira
Uma espinha pro gatinho
Pro cachorro um ossinho
Requentar o cafezinho
E sair apressadinho
Todo dia atrasada
Já estou acostumada
Condução sempre lotada
Vida dura de empregada
Refrão:
Pára o mundoque eu quero descer
Tem muito vagabundoatrás do meu jabaculê
A vida é uma sinuca
Mais confio no meu taco
Meu borogodó
é do Balacobaco
Do Balacobaco
Minha patroa é estranha
Passa o dia só na cama
O marido bebe grana
A mais velha é piranha
A do meio é patricinha
O mais novo é mocinha
Meu lugar é na cozinha
Vida dura de fuinha
Motorista xavecando
Jardineiro azarando
Porteiro se assanhando
Ê, vou logo avisando
Meu amor é pra quem pode
Quem não pode se sacode
Pode amarrar seu bode
Com a minha cabra ninguém fode
Repete refrão
Sirvo a janta e vou embora
Já passou da minha hora
Abusando é que demora
Vem a chuva e piora
Caminhando na calçada
Medo de ser assaltada
Medo de ser seqüestrada
Medo de ser estuprada
Sou escrava independente
Ganho menos que indigente
Não posso ficar doente
Amanhã tô no batente
Vou rezar para Jesus aliviar a minha cruz
Meu buraco não tem luz
Vida dura de avestruz
Repete refrão

Ana Claudia

Acorda , Ana, o dia nem raiou. Mas raiava ela, despejando suas queixas rotineiras. Enquanto recolhia seus escombros pela casa, para ficar mais ajeitada sua vida de heroina em romances atuais ou livros de auto-ajuda. Aforava em sua face um olhar enfraquecido. Só agora se lembrou que sente fome, pois de tudo que fazia nada era para si. E nisso, lá se foi à feira da qual lembrou-se só ao abrir a geladeira. Entao, restava ao gatinho e cachorrinho umas sobras que teriam que bastar, e para ela o café da noite anterior, requentado, porém sagrado.
E vai-se a hora fugindo tao depressa. E vai-se ela, correndo , como sempre. Atrasada, como sempre. No transporte aglomerada, entre tantas, empregadas.
Sua patroa, um tanto anormal, passa o dia em sua cama. Também pudera. O marido é da esbornia. A filha primeira, desfrutada. A segunda, extravagante, a se enfeitar. E o Terceiro um tanto como as outras, nos hábitos e nos gostos. Ana só olhava da cozinha. Nem pensava, nem falava. Preocupava-se mais em despistar os subalternos que esgueiravam abarra de sua saia. Mas os punha logo em seu lugar, pois nao cria mais em homens. Muda o nome, fica o resto.
Servido o jantar, lá vai Ana, apressada, como sempre. Agora é a chuva que vem forte. Soma à isso os perigos que beiram cada canto da cidade. É entao que pensa como a vida é escrava. O que ganha nesse fardo nao lhe dá direitodo proveito, nem sequer de adoentar. E Ana, se há luz no fim do tunel , de certo é o trem. Fora disso, sobra nada, Amén.